28 de jun. de 2008

Casillero del Diablo Pinot Noir 2007

Comprei no Pão de Açucar, em promoção, por R$27. Achei o preço ótimo e queria muito provar o Pinot Casillero, visto que outros varietais dessa marca são muito bem feitos.


O Senhor Melchor que me desculpe, mas esse vinho...

No copo tem um cor de intensidade boa, levando para o lado de framboesa, bem vivo e brilhante. Reflexos cor de cereja e pernas longas e muito lentas, indicando a presença grande de álcool.

O primeiro aroma estava dominado pelo álcool, mesmo tendo respirado un 30 minutos. Agitando, surgiu um pouco de cereja preta mas principalmente musgo e folhas molhadas, não muito alegre. Veio também madeira, lembrando canela.

Na boca, decepcionante. Acidez pálida, um leve toque amargo e pouca concentração. Muito ontuoso, de novo mostrando o excesso de álcool. Um pouco de sabor de morango, mas deixa a desejar na fruta. O tanino muito fraco, só aparecendo mesmo no fundo da garganta, junto do calor do álcool. Final amargo e curto.

Infelizmente, não ví quase nada de interesse nesse vinho. Não chega a ser ruim de tomar, mas depõe contra a Pinot Noir. A meu ver, deram uma boa errada com a uva: muito açucar e nada de acidez levaram a este resultado.

Não vale os R$27.

O que mais gostei - da cor, ainda no copo.

2000 visitas...

Esses dias, meu blog passou de 2000 visitas. Eu fiquei contente, não é muito mas eu nunca tinha feito um blog que tivesse mais de algumas dezenas de visitas... :)

Grande parte dos visitantes vêm dos blogs parceiros da Confraria Brasileira de Enoblogs. O Vinho para Todos, o Le Vin au Blog, o Colheita de Vinhos entre outros, todos com seus conteúdos excelentes, comentários honestos e escolhas afiadas na hora de degustar. Obrigado, amigos!

Também é legal ver que as pessoas que chegam direto buscam por vinhos que estão por aí, que são acessíveis, que se compram nos supermercados. Parece que as pessoas têm se interessado cada vez mais em tomar vinho no dia a dia, em trazer a bebida para o cotidiano. Acho isso excelente!

Obrigado a todos pelas visitas!

8 de jun. de 2008

Château de Sabazan Côtes de Saint-Mont 2003

Esse vinho eu trouxe na mudança, lembro que ele sobrou da festa de despedida que fizemos antes de voltar. Alguém nos deu de presente.


É um vinho que nunca se encontra por aqui. No geral, poucos vinhos do sudoeste da França são trazidos para o Brazil (se compararmos com regiões como Bordeaux ou Rhône), ainda mais de uma região secundária como essa. Os vinhos do sudoeste são muito tânicos, pouco amigáveis ao nosso paladar. Mas valem a experiência, recomendo o Cahors para quem não conhece.

Côtes de Saint-Mont é, na verdade, um VDQS (vin délimité de qualité supérieure). É uma indicação geográfica típica da França, teóricamente de qualidade inferior à AOC (appelation d'orignine contrôlée). Como AOC se tornou padrão do mercado, VDQS e outras indicação estão entrando em extinção, pois muitos produtores têm buscado o título de AOC para suas regiões.

O que acontece é que regiões de menor expressão nunca foram delimitadas como AOC, mas não significa que produzem vinhos de pior qualidade. É o caso deste Côtes de Saint-Mont, um vinho cheio de personalidade e de características muito específicas.

O Château de Sabazan, produzido na vila de Sabazan, é um corte de 70% Tannat, 10% Pinenc, 15% Cabernet-Sauvignon, 5% Cabernet-Franc. São uvas muito tânicas que se mostram com toda a força no vinho.

No copo tem cor rubi de intensidade média. Lágrimas longas, abundantes e muito lentas. Reflexos um pouco alaranjados.

Nariz bem complexo, madeira, especiarias como canela e ervas como tomilho e louro. Toque vegetal, talvez do Cabernet Sauvignon. Bouquet de intensidade média e pouca fruta, só um toque de amoras e cereja preta.

Na boca o vinho tem muita força, apesar do corpo médio. Taninos muito marcantes (aha!), não chegam a ser agressivos. Boa acidez e álcool presente com retro-olfação novamente de especiarias. O vinho é mais quente no nariz do que na boca, onde tem um final bem fresco, lembrando frutas vermelhas. Limpa a boca e tem persistência longa.

É um tipo de vinho muito diferente e específico. Acompanha carnes vermelhas, pratos muito condimentados ou queijos fortes. Não é muito fácil de tomar. Mostra como é rica a diversidade do vinho francês. É o que mais respeito na França e é o que me faz lembrar da importância de constantemente desafiar nosso paladar. É assim que se aprende!

Latitud 33 Malbec 2006

Esse é o segundo Latitud 33 que comento aqui, o primeiro era um Cabernet Sauvignon que eu não tinha gostado muito.


Comprei esse no Pão de Açucar por módicos R$19,90. É mais ou menos sempre esse o preço desse vinho.

Achei esse Malbec bem melhor do que o Cabernet, sendo uma boa opção nessa faixa de preço.

No copo, um vinho de cor violeta intensa com reflexos púrpura. Muitas lágrimas já acusando o teor alcoólico relativamente alto, o que é recorrente no Latitud 33.

Nariz franco e fiél à uva, muita presença de frutas escuras, especiaria picante, toque de madeira e novamente o álcool aparecendo, mas sem incomodar muito.

Na boca tem corpo estruturado e taninos presentes e redondos. Tem boa fruta e toque adocicado que o torna mais agradável do que alguns outros Malbecs Argentinos. É um vinho bem fácil de ser tomado, simples e correto. Tem um frescor agradável que dá brilho ao conjunto. Novamente, ele peca pelo excesso de álcool, mas neste incomoda muito menos do que no Cabernet.

No geral é um vinho agradável, para ser tomado só ou acompanhando a refeição. Escolha certa para servir aos amigos, num preço mais do que acessível.

Vale os R$19,90.

O que mais gostei - do toque adocicado na boca.

4 de jun. de 2008

Porto Comenda White

Finalmente, com alguns dias de atraso...

Este é o vinho do mês da Confraria Brasileira dos Enoblogs, escolhido pelo Gourmandise, que entrou pra turma este mês. Outros blogs comentando este mesmo vinho podem ser acessados através dos links ao lado, em "eu leio".

É o primeiro Porto que comento aqui e confesso que tenho pouca experiência com este vinho. Sempre tomei vinho do Porto somente como aperitivo, sem dar muita atenção. Mas gostei muito do desafio.

Comprei essa garrafa no Pão de Açucar por R$35, um preço bem razoável.

No copo, é um vinho lindo. Amarelo dourado, cor de palha, com lágrimas que teimam em não correr. Textura lisa, quase aveludada. Parece bobagem, mas o movimento do vinho no copo é diferente, mais suave. Reflexos pálidos. Degustei entre 11 e 12 graus.

O primeiro aroma, muito marcante, é alcoólico, porém perfumado. Manipulando um pouco vem fruta madura, uva, pêssego em calda e flôr branca de aroma adocicado, como dama da noite (mas sem enjoar). É um bouquet franco e simples.

Na boca, o primeiro ataque alcoólico é forte, bem mais do que esperava, mas não chega a agredir pois logo a untuosidade do vinho ocupa toda a língua agradávelmente. Continua ardendo no lado da língua e nas gengivas. Depois do primeiro gole voltei a sentir os aromas do vinho no fundo da boca. Sem acidez.

Gostei bastante da experiência, é um ótimo aperitivo. Chegou a me lembrar uma boa cachaça suave. O Gourmandise fala de uma harmonização interessante, vale a pena ler. Inclusive, vale a pena ler todos os outros comentários, cada um mais rico que o outro. O pessoal está afiado!

Vale os R$35, até por que dura muito.

O que mais gostei - da potência alcoólica