23 de out. de 2007

Latitud 33º Cabernet Sauvignon 2005

Comprei este vinho em uma promoção do Carrefour, pois uma garrafa que tenho visto saindo por volta de R$28 por aí, comprei por R$19,90.

Esta linha Latitud 33º é produzida pela Bodegas Chandon, filial da LVMH na Argentina. A historinha é que, na latitude 33, são produzidos os grandes vinhos do novo mundo, passando pela Australia, Nova Zelândia e África do Sul. Na Argentina, de onde vem este, o paralelo passa por Mendoza.
O engraçado é que, ao norte, os vinhos são produzidos em latitudes muito mais elevadas. O sul da França, por exemplo, fica a 43 graus. Enfim...

Enfim!, este exemplar era de uma cor rubi intensa, muito bonita. Os reflexos puxando para o alaranjado e lágrimas muito longas e lentas, indicando já o teor alcólica elevado, de 13,6%. Realmente bastante.

Uma curiosidade sobre este vinho é que, ao abri-lo, encontramos pequenos cristais em suspensão no líquido. Consultando minha vasta ignorância, acho que eram cristais de ácido tartárico, que logo se dissolveram. Se alguém souber o que pode ser, agradeço a informação.

O nariz é bem marcado pelo álcool, aquele cheiro "vínico", mas em segundo plano pude sentir um aroma lembrando floresta, casca de árvore, mato molhado. Depois de tudo isso, fazendo uma força danada, identifiquei frutas como pêra ou maça e um aroma adocicado de vanila.

Na boca, o primeiro ataque foi muito macio e prazeroso, preenchendo e envolvendo toda a língua. A acidez, bem agradável, lembrou frutas escuras maduras como ameixa e cerejas pretas. Após essa primeira impressão, o álcool volta a dar as caras e incomodou um pouco. Fazendo a retro-olfação, o álcool chegava a fazer arder a garganta, mostrando claramente um desequilíbrio neste ponto.

O final revelou taninos muito suaves, na lateral da língua. Surpreendente para um Cabernet Sauvingon, que normalmente tem taninos marcantes, até agressivos dependendo do caso.

Um vinho de duas caras, ou melhor, nariz e boca que não se entendem bem. Gostoso, mas com certos defeitos, para o meu gosto.

Eu não pagaria mais de R$20... Não sei se compraria outro, na verdade.

O que mais gostei - do ataque na boca, muito macio, seguido da acidez super agradável de frutas maduras.

21 de out. de 2007

Finca Don Domenico de Huanacache Bonarda 2003


A dica para este vinho veio deste post no blog Vinho para Todos.

Trata-se de um vinho Argentino varietal feito com a uva Bonarda. Apesar de não ser um varietal facilmente encontrado no Brasil, a Bonarda é uma das castas mais cultivadas na Argentina.

O que acontece é que, até pouco tempo atrás, era usada somente em vinhos de mesa mais simples e não dava bons varietais. Recentemente, começaram a investir em vinhos de melhor qualidade com esta uva.

Paguei uns R$27 por esta garrafa no Carrefour. (acabei não fotografando a garrafa, então vai aí etiqueta que encontrei no site do produtor, mesmo sendo de um syrah...)

Este vinho é um tinto muito profundo, com reflexos cor de cereja já um pouco alaranjados, denotando a idade da garrafa, e longas e lentas lágrimas.

O nariz muito complexo mesclando frutas escuras como ameixa preta, um aroma adocicado de compota de frutas, terra e folhas umidas. Este últimos, apesar de menos frescos, acrescentaram ao todo e não incomodaram.

Na boca apresentou bom corpo com um primeiro ataque bem ácido e muito marcante. Os taninos, muito presente mas agradáveis - para o meu gosto - não chegam a superar a acidez, que é o elemento predominante no paladar.

O álcool também é muito presente, esquentando um pouco o pálato. A retro-olfação revelou o aroma da uva com ameixas vermelhas. Os aromas mais sutis de terra foram envolvidos pela intensidade do vinho e não apareceram mais.

No geral, é um vinho muito intenso e com grande acidez, o que o torna um vinho surpreendente e diferente de muito do que se encontra, principalmente nos Chilenos. Acredito que se harmonizaria muito bem com pratos bem gordos, queijos derretidos, um fondue...

Sozinho, achei um pouco ácido de mais, mas muito saboroso.

Vale os R$27

O que mais gostei - do bouquet, complexo, mostrando a evolução do vinho nestes 4 anos.

Minha nota: 4/5

Sobre o jantar harmonizado

Fiquei muito feliz com o convite dos colegas do blog Le Vin au Blog para realizar um jantar harmonizando um vinho espanhol com uma receita proposta pelo pessoal de outro blog, o Gourmandise.

Aceitei a proposta, encomendei o vinho, mas ainda não pude realizar o jantar.

Mas não abandonei a idéia!

8 de out. de 2007

Château Haut Bellevue Lussac-Saint-Émilion 2002

Este vinho eu trouxe da França na mudança. Estava na famigerada "caixa 16"! Hehe, esta era a caixa da mudança que tinha as minhas garrafas de vinho, eu fiquei meses pensando se elas chegariam inteiras. Chegaram sãs e salvas.

Comprei este vinho no dia 22/09/06 no supermercado G20, um supermercado mais do que normal de Paris. Em setembro acontecem todos os "foires aux vins", feiras de vinhos nos supermercados e lojas da França. É um paraíso... Nesta época, você encontra nas bancas, diveras revistas listando as melhores compras de cada rede de lojas, falando da nova safra, é muito legal.

Enfim... Acho que paguei uns 4€ por essa garrafa. Comprei duas, esta foi a segunda (...)

No copo é um vinho tinto cor de rubi, escuro vivo, com reflexos cereja alaranjados, denotando sua idade já um pouco avançada. Formou lágrimas muito longas e lentas.

Aromas vegetais bem marcantes em primeiro plano, como mato ou pimenta verde, que é bem característica da Cabernet Sauvignon francesa. Também madeira e ameixas escuras. Mais no fundo, um toque de especiarias, talvez cravo ou noz moscada. Muito interessante!

Na boca, corpo médio com taninos bem redondos. A acidez toma conta da boca, mas uma acidez muito gostosa, que preenche a boca por igual e não deixa salivar. Os aromas de especiarias se sobressaem novamente, talvez mostrando a evolução dos taninos com o tempo.

Não é um vinho frutado, é bem equilibrado e agradável. Muita persistência.

Mostra com louvor que muita concentração com "frutas maduras" não é a única fórmula de se fazer vinho bom (como parecem pensar certos produtores do novo mundo ;) ).

É claro que vale os 4 euros, mas aí também é covardia...

O que mais gostei - da maravilhosa acidez na boca, mesclada com especiarias frescas e picantes.

Minha nota: 4.5/5
(queria dar 5, mas na escala dos franceses, acho que 4.5 está bom)

3 de out. de 2007

Notas...

Eu tenho pensado bastante sobre como qualificar, como dar uma nota para um vinho.

Tenho muita dificuldade de fazer isso porque acabo sempre caindo numa armadilha de comparação, que não acredito que seja legal. Não gosto destes sitemas de pontuar vinhos, como se fosse uma ciência.

Cada vinho tem uma característica diferente, tem seu momento de ser degustado, seu prato ideal para acompanhá-lo. É isto que mais gosto sobre vinhos: cada garrafa te dá a oportunidade de descobrir um aroma novo, uma combinação nova de sabores... Cada vinho é, sim, uma experiência.

O mais legal é, justamente, aprendermos a apreciar todos estes diferentes estilos e combinações, sem ficarmos amarrado a uma fórmula óbvia.

Acredito, sim, que existam critérios objetivos para se julgar um vinho. Mas uma vez que estes atributos estão "verificados", o resto é gosto, é sensação, é opinião.

Por outro lado, qualificar um vinho ajuda a lembrar quais você compraria novamente, quais ofereceria para seus amigos e, principalmente, quais não valem a pena ou devem ser evitados.

Estou pensando em usar uma escala assim (vou usar pequenos sóis, em homenágem à videira):

(editado dia 05/03/2008)
Os sóis não funcionam muito bem em alguns browsers, acho que é problema de character set... Pelo bem da compatibilidade, vou alterar par números, mesmo.

1/5 - Prefiro uma Coca-Cola gelada...
2/5 - Se for o que estiverem servindo, aceito um taça. Ah, precisa pagar? Não, obrigado!
3/5 - Valeu pela experiência, talvez compre outra garrafa. Talvez em promoção...
4/5 - Gostei muito. Vale repetir a garrafa e ter em casa para servir aos amigos.
5/5 - Este sim é memorável! Cheio de descobertas, vale sair do caminho para ir buscar.

Com uma escala mais enxuta, pretendo reduzir o efeito "comparação". É claro que existirão vinhos melhores e piores, na minha opinião, com a mesma pontuação. Mas, pelo menos, mantenho uma certa referência e paro de me preocupar com isso!